Chuva. Chuva. Chuva. Inundação. Torrentes de água descem a rua. Eu espio. De repente, no meio da enxurrada, vejo boiando um enorme troço. Um troção. Fico pasmo, não sei o que fazer. Me tranco no banheiro, sento no trono e pego o jornal. A manchete é de entortar o patuá, principalmente pra quem acaba de ver um troção navegando na enxurrada. Tá lá: com quinze milhões de habitantes, São Paulo tem apenas trinta por cento de área urbana beneficiada com rede de esgoto. Depois de ler isso, não me contive. Dei uma olhada na latrina. Calculei umas cem gramas de merda. Como nisso sou extremamente regulado, imaginei que cada habitante da cidade faz suas cem gramas diárias. Claro que sempre tem um com prisão de ventre, mas também tem outro com diarréia, e tem gente como o autor do troção; um pelo outro, dá cem gramas. Cem gramas diárias por pessoa. Faça as contas. Quinze milhões de pessoas cagando cem gramas por dia. No fim do dia, é um monte. No fim da semana, um montão. No fim do mê...